Os bailes carnavalescos de Estrela eram, por assim dizer, familiares. Era tão somente se divertir de maneira saudável, ordeira e pacífica.
Os bailes começavam aproximadamente às 23h, e as pessoas, muito bem vestidas, adentravam no clube de forma ordenada. Às vezes se formava uma pequena fila na entrada, mas não havia nenhum tumulto entre os participantes ou desacato aos porteiros ou a alguém da comissão organizadora do evento.
No início do baile, a banda Copacabana se perfilava e tocava um dobrado nos instrumentos metálicos (sax, piston, trombone, tuba, corneta), para logo após entrarem os tambores (tarol, caixa, bumbo).
Após a apresentação inicial, a banda tocava um frevo muito conhecido, como o famoso Vassourinhas, e animava o ambiente. Aquele frevo era o passaporte para o reinado de Momo, uma festa com marchinhas carnavalescas (A Jardineira, A Lua é dos namorados, Acorda Maria Bonita, Máscara Negra, Vem Chegando a Madrugada, e outras), com letras simples e nada que ferisse os ouvidos, a moral e os bons costumes. Tudo dentro dos limites da decência e da ordem.
As fantasias masculinas que recordo eram de piratas, árabes, presidiários, toureiros, romanos, hippies, caubóis, etc. Quanto às femininas; colombinas, ciganas, bailarinas, caubóis femininas, gregas, e outras.
As roupas dos brincantes não fantasiados na sua maioria eram bermudas e camisetas comportadas, e as fantasias eram todas decentes, assim como o comportamento dos casais casados e os casais de solteiros formados de última hora, chamados de namorados de carnavais.
Tinham um comportamento exemplar, de maneira civilizada e apropriada para um ambiente familiar. Até os bêbados eram inofensivos. Muitos dormiam sentados, outros ficavam mais alegres, mas não havia desacato ou desordem.
Estrela, canto para ti os últimos versos da marchinha carnavalesca Máscara Negra, de autoria de Zé Keti e Pereira Matos: “vou beijar-te agora, não me leve a mal, hoje é carnaval”.
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