Bicicross em Estrela-RS ensina técnicas para a vida


Bicicross em Estrela ensina técnicas para a vida
Além de dominar as técnicas básicas da bicicleta, o projeto social de bicicross em Estrela ensina os alunos que ao cair, é preciso levantar e tentar novamente

Estrela oferece o projeto social de bicicross desde 2007, quando a pista foi inaugurada. Hoje 50 alunos de 8 a 14 anos participam com satisfação das aulas dadas pelo professor e atleta Paulo Ricardo Daltoé. Nas segundas e quintas-feiras, é dia de “bike” e a “molecada” então se reúne na pista cheia de obstáculos em que o objetivo é muito mais do que dominar as técnicas sobre duas rodas. “O projeto social está aqui não só para ensinar a andar, tem a questão afetiva do estabelecimento de laços e do respeito. É precisam que eles aprendam a conviver socialmente”, explica Daltoé. 
Ao adquirirem habilidade no esporte, estão vivenciando experiências. O esporte faz com que se gere conflitos e sentimentos como quedas, disputas e vitórias. Nessa “montanha russa” de emoções, o professor trabalha o controle da criança. “Nós como educadores vamos mediando os sentimentos e ajudando a desenvolver o adolescente dentro do esporte.”
Daltoé deixa claro que o foco não é a competição e sim a convivência, o estímulo a autogestão dos sentimentos e da cidadania. “O bicicross é um período enriquecedor, eu tenho certeza de que quando adultos eles vão lembrarem-se dessa fase.”

Emoções
O esporte é um instrumento de cidadania. O projeto social trabalha com os mesmos princípios da escola. Praticar uma atividade prazerosa e assim educar dentro de um processo de conhecimento. Nesta quinta-feira, antes de os alunos propriamente darem seus saltos na pista, o professor os ensinou a perceber como o prejuízo de lançar papeis ao solo. Propor uma reflexão entre esporte e meio ambiente é perfeitamente salutar em meio ao exercício. “O meu diálogo com eles tem um peso muito maior porque estou promovendo uma alegria que envolve todo um processo.” Não importa, portanto, quem vai chegar em primeiro, a primazia é saber respeitar, gerenciar as emoções, cair, levantar e treinar a persistência.
O bicicross trabalha o medo e o equilíbrio. “Há alunos que temem vencer os obstáculos e precisa superá-los e há outros destemidos, estes também precisam saber dosar a emoção”, relata Daltoé. O desafio é raciocinar o risco que se está correndo. O bicicross tem a vitoria e a derrota dentro da prática, e os obstáculos na pista o tornam elemento de reflexão. “Os tombos podem ser trabalhados como algo que vão ser enfrentados na vida.”

Campeonato gaúcho
Associação Estrelense de Bicicross (AEBMX) e a Secretaria de Esportes e Lazer de Estrela (Smel) sediam no dia 31 de maio, a quarta etapa do Campeonato Gaúcho de Bicicross. O evento ocorre na pista em frente ao Parque Municipal Princesa do Vale e a expectativa é atrair 170 atletas de diversas cidades do Estados. “Bagé, Venâncio Aires, Novo Hamburgo, São Leopoldo e outros municípios devem estar com seus representantes e clubes para participar”, explica Daltoé. No domingo de manhã, ocorrem os treinos oficiais das 10h ao meio-dia, atividade que deve atrair público. A competição inicia às 13h com previsão de término às 16h. 
Estrela estava há dois anos sem sediar um evento desse porte em virtude de questões climáticas por falta de datas nas agendas. Agora, a oportunidade surgiu e com ela, a cidade espera atrair a atenção para a modalidade e captar adeptos. 
A pista está recebendo atenção especial. A Associação está capinando e aumentando as curvas. “Como o nível da competição está muito alto, as disputas estão ocorrendo muito nas curvas, estamos aumentando a altura delas para que ninguém caia para fora delas.” 

Texto e fotos: Andreia Rabaiolli

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