Estrela-RS - Bruno Schwertner – As engrenagens do Tempo



Bruno Schwertner – As engrenagens do Tempo
Matéria de Airton Engster dos Santos
Entrevista com Roque Schwertner
Publicada no Jornal Folha de Estrela

A vida e a obra de Bruno Schwertner merecem o justo destaque dos estrelenses, pois herdamos dele um legado extraordinário, de trabalho, disciplina e boa vontade.

Nasceu em 12 de novembro de 1873, em Langwasser (Silésia- Pruscia), na Alemanha. Veio para o Brasil em 1884, com 10 anos de idade. Com 18 anos abriu uma sapataria na Picada Grande (Novo Paraíso). Transformou-se no maior construtor de relógios de torres de igreja do Brasil.

Em 1931, obteve o Grande Prêmio e Medalha de Ouro na Exposição de Porto Alegre. Em 1934, o Grande Prêmio na Exposição de São Leopoldo. Em 20-5-1951, conquistou o 1º Grande Prêmio Medalha Ouro-Diamante na Exposição Regional de Estrela.

Vai completar 140 anos de seu nascimento, e já se programa uma mostra para marcar a efeméride.

Conversamos com o empresário e pesquisador Roque Schwertner (membro do IHGVT) sobre a trajetória de seu avô paterno, Bruno Schwertner, ao qual nosso entrevistado da semana se reporta com admiração e respeito.

Segundo Roque, desde cedo o avô Bruno se destacava nas artes mecânicas. Consertava as mais variadas máquinas, desde engenhos, máquinas de costura, projetores de filmes, gramofone, instrumentos diversos e relógios. Além disso, movimentava um tear com dois pedais e cuidava de muitas máquinas de tecelagem.

“A capacidade do meu avô como consertador de máquinas se espalhou rapidamente na Vila. O sapateiro da Picada Grande ganhou justa e merecida fama. De todos os lugares vinham serviços“.

No ano de 1892, Bruno Schwertner foi chamado para estudar uma situação muito difícil. A Paróquia Santo Antônio de Estrela havia recebido um relógio de torre muito antigo e fora de uso. Após três meses de exaustivo trabalho o relógio voltava a funcionar. O mesmo funcionou por mais 47 anos, segundo Roque Schwertner quando foi construído o outro.

Em 1893, Bruno Schwertner alistou-se para participar da Revolução Federalista ao lado do governo do Estado. Ocupou cargo de mando. Nas horas vagas concertava armas e relógios.

Numa peça alugada abriu sua primeira oficina em 1895. Para atender os compromissos Bruno trabalhava noite e dia. Algum tempo depois ampliou sua oficina e agregou uma loja de bijuterias, ótica, bazar, livros, máquinas para uso doméstico e agrário, e até automóveis. Surgia assim a Loja Schwertner, afirma Roque.

Além disso, Bruno Schwertner trabalhou com o famoso médico Dr. Schlatter, tendo até participado de um curso de obstetrícia.

Coube a Bruno a instalação dos primeiros telefones no município de Estrela. Segundo Roque Schwertner, um desses telefones foi instalado na Prefeitura de Estrela e outro no distrito de Costão.

O Capitão da Guarda Nacional recebeu indicação de Bruno Schwertner para o cargo de suplente de Juiz Federal.

Foi fundador do Tiro de Guerra 227, e por 25 anos fez parte desta sociedade cívico-militar, quando ocupou vários cargos na diretoria.

Fez parte da empresa Schwertner & Cia e proprietário do Jornal O Paladino, sendo guardados todos exemplares por Roque Schwertner.

Bruno foi sócio fundador da Sociedade Ginástica, com relevantes serviços prestados a SOGES.

Mas Roque Schwertner reforça que a grande paixão do avô era relojoaria, arte que o havia empolgado desde que abriu a oficina.

Adquiriu livros da técnica relojoeira nos quais estudou com muita dedicação. Com o engenheiro Augusto Schleicher teve aulas de matemática. Estudou português, francês, química e estenografia. As aulas eram tomadas nas horas de folga e a noite estudava até altas horas.

Roque disse que o avô estava com viagem marcada para Suíça onde estudaria a arte relojoeira, quando o plano ficou frustrado devido ao início da Primeira Guerra Mundial.

Foi quando teve a idéia de produzir relógios para edifícios públicos. Ele mesmo fez os planos, desenhos, moldes, e até ferramentas especiais, pois devido a falta de recursos não podia importá-las.

Surgiu então o Relógio de Torre, cujas batidas são ouvidas em 200 municípios brasileiros, onde Bruno Schwertner e seus filhos instalaram as verdadeiras obras primas da engenharia mecânica.

Bruno Schwertner residiu em Estrela por mais de 50 anos, casado em 22 de junho de 1897, com Florentina Mallmann, com quem teve 14 filhos.

Documento do Rotary Clube de Estrela, do qual Bruno era fundador faz as seguintes considerações quando do seu falecimento em 1952: “Deixou-nos Ele os mais brilhantes ensinamentos, e, portanto, herdamos todos nós, os estrelenses, o que de melhor podia nos legar – o exemplo de como em verdade se deve viver. E os relógios nos advertem que o tempo passa. Quis Ele deixar a sua obra a nos advertir constantemente que devemos aproveitar bem o nosso tempo.

É o coração de aço, seu, tão seu, que nos deixou aqui, pois era nosso companheiro e amigo, e Ele não podia partir sem nos deixar alguma coisa”.

Homenagem em Estrela:

Foi instalado um relógio na Rua Bruno Schwertner, pelo ex-prefeito Geraldo Mânica, para marcar a trajetória deste extraordinário cidadão que, com sua engenhosidade soube elevar o nome de Estrela-RS em 200 municípios de oito estados brasileiros.

Exposição; Bruno Schwertner – 140 Anos - As Engrenagens do Tempo:

A família Schwertner juntamente com o Memorial da Aepan-ONG estão montando uma Mostra sobre a vida e a obra de Bruno Schwertner, que deverá ser lançada no dia 11 de novembro, e ficará a disposição da comunidade até 12 de dezembro. O local ainda não foi definido, mas em breve estará sendo divulgado todo roteiro e calendário da Exposição.


FAMÍLIA DO 5º FILHO DE  FRANCISCO SCHWERTNER E IGNEZ KRETSCHMER 

B.5- BRUNO SCHWERTNER 

Bruno, quinto filho de Francisco Schwertner e Ignez Kretschmer, natural de Langwasser/ Löwemberg Silésia /Prússia. 

Imigrou para o Brasil aos 10 anos, com seus pais Francisco Schwertner (56anos) e Ignez Kretschmer Schwertner (43 anos), partindo da aldeia de Langwasser-Silésia Prússia. 

Embarcaram no Vapor Montevideo, no porto de Hamburgo, em 18/09/1884, capitão Kier, consignatário R.O. Lobedanz, com 48 passageiros, na classe J e L, e receberam subvenção do governo brasileiro. Chegaram, no porto de São Francisco, Santa Catarina/Brasil, no dia 18 de outubro de 1884. Seu destino era Estrela no Rio Grande do Sul, mas acabaram ficando em Joinville, no Estado de Santa Catarina. Seu pai havia adquirido 7mil braças de terras, na Estrada Santa Catarina. 

Em 31 /01/ 1887, falece em Joinville, o pai de hidropisia. 

Bruno se emprega como auxiliar de sapateiro e na cozinha de um albergue, como auxiliar de cozinheiro. 

Em 12 de julho de 1890, a família transfere-se para o Rio Grande do Sul e passa a residir na cidade de Estrela. 

BRUNO SCHWERTNER: 

Nasceu em12/ 11/ 1874 – na aldeia de Langwasser,Löwemberg,Silésia / Prússia 

Faleceu 12/04/1952 – aos 78 anos, está sepultado no Cemitério Católico de Estrela-RS, no jazigo da família Schwertner. 

Trabalhou como cozinheiro, sapateiro, relojoeiro, auxiliar de obstetrícia, técnico em concertos de máquinas, eletricidade e telefonia. Foi comerciante e industriário, capitão da Guarda Nacional, e suplente do Juiz Federal. 

Fundou em Estrela a primeira e única fábrica de relógios público na América do Sul. 

Casou em Estrela em 22/06/1897, aos 23 anos, com Florentina Mallmann , que nasceu 12/10/1876 , em Estrela –RS, e faleceu 08/03/1961 aos 85 anos, sepultada no cemitério Católico, de Estrela-RS /Brasil (85anos). Filha de: João Mallmann Sobrinho (n. 01/05/1846 e f. 08/07/1916, aos 70anos), e de Elisabetha Koch Mallmann, (n.15/01/1849 e f.14/10/1932 aos 65 anos, em Estrela). 

BRUNO SCHWERTNER E FLORENTINA MALLMANN tiveram 14 filhos todos nascido na cidade de Estrela/RS. 

Filhos: 14 (8 homens e 6 mulheres) 
B.5.1- Catharina Ottilia (08/04/1898) 
B.5.2- Cândida Olga (12/08/1899) 
B.5.3- Ida Olinda (16/06/1901) 
B.5.4- Maria Olívia (04/07/1903) 
B.5.5- Oscar Marcolino (18/05/1905) 
B.5.6- Aloysio Valentin (28/08/1907) 
B.5.7- Francisco Alberto (24/09/1909) 
B.5.8- Eugênia Maria (24/04/1911) 
B.5.9- Lucia Diva (07/05/1913) 
B.5.10- José Artur (21/04/1915) 
B.5.11- Mario João (23/05/1916) 
B.5.12- Rudy Leonardo (19/01/1918) 
B.5.13- Theobaldo Guido (23/10/1919) 
B.5.14- Lino Silvério (31/01/1921)








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