Antes de morrer, Geisel falou da família
e sua relação com Estrela
Ernesto Geisel concedeu longa entrevista a Fundação Getúlio Vargas, em diversas sessões, num total de 33 horas de gravação e 800 páginas de transcrição. Tudo foi revisto duas vezes, pelo ex-presidente, antes da autorização para publicação após sua morte, que ocorreu em 12 de setembro de 1996. A primeira edição do livro é de 1997.
e sua relação com Estrela
Ernesto Geisel concedeu longa entrevista a Fundação Getúlio Vargas, em diversas sessões, num total de 33 horas de gravação e 800 páginas de transcrição. Tudo foi revisto duas vezes, pelo ex-presidente, antes da autorização para publicação após sua morte, que ocorreu em 12 de setembro de 1996. A primeira edição do livro é de 1997.
Na entrevista Geisel relata que seu pai, Augusto Guilherme Geisel, nascido em Efborn, na Alemanha, veio para o Brasil com 16 anos de idade. O grave problema da mão-de-obra no Brasil com a pressão para libertação dos escravos exigia braços fortes para o trabalho na agricultura e ocupação do território. Na Alemanha o aumento demográfico e a unificação do país sob a coroa da Prússia e a conseqüente militarização foram fatores que estimularam a migração para países da América.
Foi nesse quadro, e talvez movido pelo espírito de aventura e perspectivas de novas oportunidades que o pai do ex-presidente migrou para o Rio Grande do Sul. Chegou em 1883 e foi inicialmente para Venâncio Aires. Em seguida veio para Estrela, onde foi trabalhar numa fundição que fazia facas e ferramentas agrícolas. Seu pai, desde que chegou estudou o português. Tinha uma boa base cultural, estudara o latim e francês. Geisel disse que no final do expediente, enquanto os demais empregados iam para o botequim, seu pai aproveitava o tempo para ler o jornal de Porto Alegre auxiliado por um dicionário. Poucos anos depois fez concurso para professor. Aprovado foi lecionar no interior do município de Estrela, na picada de Novo Paraíso. Nessa época o pai de Geisel conheceu seu futuro sogro, Henrique Beckmann e sua esposa Guilhermina wiebusch. O casal também era emigrante da Alemanha, vindos de Osnabruck, Hanover, moravam em Estrela, picada de Boa Vista.
Seu avô materno era médico, único da região... Além disso, era pastor luterano. Segundo o General, a vida era muito trabalhosa, e as nove filhas e um filho do casal além de estudar trabalhavam na roça e ordenhavam vacas. Seu pai se enamorou da filha mais velha, Lydia nascida em 20 de novembro de 1880. Casaram em 23 de julho de 1899 e foram morar junto à escola de Novo Paraíso onde nasceram os irmãos do ex-presidente (Amália, Bernardo e Henrique).
Do interior (Novo Paraíso), seu pai veio para o centro da cidade de Estrela, quando adquiriu o cartório civil e crime, do qual se tornou escrivão. Aí também nasceu o irmão Orlando que depois viria a ocupar o importante cargo de Ministro do Exército. Por razões da saúde dos filhos, sempre doentes, a família do ex-presidente mudou-se para Bento Gonçalves. Geisel afirmou que naquele tempo, o transporte era de carroça ou a cavalo, não havia trem nem automóvel. Não lembrava bem, mas em fins de 1906 ou início de 1907, a viagem foi feita, levando dois dias. “A mãe estava grávida de mim, e não teve conforto na viagem”, lamentou. Alguns meses depois nasceu Ernesto Geisel, o caçula da família, em 3 de agosto de 1907.
Geisel falou mais de Estrela... Nas férias escolares, e mesmo mais adiante, quando era maior, juntamente com os irmãos passeávamos nos parentes em Estrela. Os avós moravam no interior, bastante liberdade com cavalos, roça e essas coisas do interior, comentou. Visitávamos a família, as tias nas vizinhanças. Íamos visitá-las a cavalo, falou com saudades.
Mais adiante o ex-presidente relata seu casamento em 10 de janeiro de 1940. Estava esperando que Lucy, sua prima-irmã crescesse. Comentou sobre seu namoro com Lucy, que foi sério, e com as melhores das intenções, para chegar ao casamento. As liberdades não passavam de beijos. Conduta correta, segundo Ernesto Geisel que cassou com 32 anos e Lucy com 22 anos de idade. A mãe de Lucy era Joana, também tia madrinha do ex-presidente e o pai Augusto Frederico Markus, comerciante, político e ex-prefeito de Estrela (1928 – 1930, 1930 – 1934 e de julho a novembro de 1945). O casamento foi em Estrela, quando Geisel esteve de férias no Rio Grande do Sul. Foi simples porque na antevéspera havia falecido uma prima. De manhã no civil e tarde no religioso, na igreja luterana. Após o almoço familiar o casal foi para Porto Alegre. Depois de alguns dias viajaram de vapor para o Rio de Janeiro onde foram morar numa pensão, na rua Conde de Bom-Fim. Em seguida alugaram uma casa no Realengo. Em novembro de 1940, nasce o filho Orlando no Rio de Janeiro. Em janeiro de 1945 nasce a filha Amália Lucy em Estrela. Geisel veio a Estrela durante exercício de Presidente do Brasil, em 1975 para uma visita incluindo no roteiro diversas empresas e depois em 1977 para o enterro do sogro Augusto Frederico Markus, no Cemitério Evangélico. E assim por diante... Histórias marcantes, daquele que foi uma das figuras expoentes da história do Brasil no século XX, junto com Getúlio Vargas e JK.
Sugestão:
Livro: “Ernesto Geisel”, que resultou de um depoimento prestado pelo General Ernesto Geisel, ex-presidente do Brasil (1974 – 1979), ao Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas. Simplesmente imperdível... “Boa Leitura”.
Pesquisa: Airton Engster dos Santos
Ambientalista Aepan-ONG
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