Estrela recebeu sábado (29.05.2010), a visita do ilustre artista Ernesto Frederico Scheffel, na Casa Museu da Família Schinke, um dos expoentes das artes no Brasil, também com a presença da Secretaria de Cultura e Turismo de Estrela, Belkis Carolina Calsa e do Curador da Fundação Schefell, Sr. Ângelo Reinheimer, O artista firmou-se como um dos melhores restauradores da Europa, ao longo das décadas de 70 e 80, e vive hoje na Itália, a 118 quilômetros de Florença.
Scheffel dividi seu tempo entre a Itália e o Brasil. No Brasil mantem uma galeria de 400 obras em sua grande Pinacoteca na Fundação que leva seu nome na cidade de Novo Hamburgo. Na Itália, o artista também vive de suas obras, mas não faz mais restaurações.
Mora agora na zona rural, numa casa antiga restaurada e onde mantém seu atelier. Em breve deverá lançar um livro suas suas memórias e nos adiantou que vai relatar suas passagens por Estrela, especialmente sua comemoração dos 50 anos na Casa da Família Schinke em 1977.
Também tem estudado muito sobre a imigração no Brasil, e da importância dos alemães para independência do Brasil. Schefell destacou a obra de Carlos Henrique Hunsche, sobre a imigração e colonização alemã no Rio Grande do Sul, como referência para estudos sobre o tema, e enalteceu a disposição da família Schinke como exemplo de preservação na manutenção da Casa Museu em Estrela.
E. F. Scheffel, (quinta geração no RS do imigrante Johann Christian Scheffel Junior e sua esposa Anna Maria Müsse), imigrantes de Berghausen Wittgensteiner Land - Westfalia, Alemanha, que chegaram ao Brasil em 1825. Nasceu em Campo Bom a 8 de outubro, 1927.
Fundação Scheffel
Fundação Scheffel
No ano de 1974, o artista plástico Ernesto Frederico Scheffel, radicado na cidade de Florença - Itália, desde 1959 retorna à sua terra com o pretexto de realizar uma grande exposição retrospectiva, dentro das comemorações dos cento e cinqüenta anos da chegada dos primeiros imigrantes alemães ao Rio Grande do Sul (1824-1974) .
A repercussão desta exposição mudaria, em muito, os rumos do desenvolvimento cultural da cidade de Novo Hamburgo, e seria o marco inicial de um amplo resgate da identidade cultural da comunidade, identidade esta esmaecida e fragmentada pelo crescimento desordenado e pela falta de informação.
Em 05 de novembro de 1978, Scheffel inaugura o seu Museu de Arte, disponibilizando ao público o melhor de sua obra. As vivências do artista na Europa foram decisivas na concepção deste Museu, que é uma verdadeira viagem do olhar, um resumo visual e dinâmico que apresenta ao visitante toda a evolução técnica e a abrangência temática do artista.
Inteiramente restaurado pelo município, o casarão em estilo neoclássico, onde atualmente funciona a Fundação Scheffel, abriga mais de 400 obras de Ernesto Frederico Scheffel, constituindo-se numa das maiores pinacotecas do mundo entre as compostas por obras de um mesmo artista. Não bastasse esta credencial, seus amplos salões compõem um cenário perfeito para as mais diferentes manifestações artísticas de uma comunidade que, a exemplo dos imigrantes europeus que lhe deram origem, encontra na expressão cultural e na preservação da memória dois de seus mais vivos valores.
Os quadros expostos nos três pisos do estupendo casarão, erguido por Adão Adolfo Schmitt no fim do século XIX, com características neoclássicas, são apresentados obedecendo à ordem cronológica de criação e estão agrupados conforme a temática e técnicas utilizadas para sua execução. No primeiro piso, estão os quadros que marcaram sua fase inicial, de sua adolescência até seus 22 anos. Algumas são de caráter regionalista, justamente por retratarem os lugares, a região que deu origem à sua carreira.
No segundo piso, encontram-se as obras que participaram dos vários Salões de Belas Artes no Rio de Janeiro, na busca do Prêmio de Viagem ao Estrangeiro. São obras do gênero épico, simbolista, e do realismo poético. Finalmente, no terceiro piso, encontram-se obras de sua fase na Europa.
Texto e fotos: Airton Engster dos Santos