História de vida de Lilian Fleck Lengler


História de vida de Lilian Fleck Lengler

Nome: Lilian Fleck Lengler
Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo
Comunidade: Estrela
Paróquia: Estrela/RS
Sínodo: Vale do Taquari

Nasci em 15 de novembro de 1938, em Maratá município de Montenegro/RS. Sou filha de Jurema Ebling e Armindo Fleck. Fui batizada em 03 de dezembro de 1938, na Igreja Evangélica de Pinheiro Machado, hoje município de Brochier/RS.

De 1942 a 1945 moramos em Beija Flor, município de Estrela/RS, ao lado da igreja evangélica e da escola, onde recebi os primeiros ensinamentos. Em fins de 1945, mudamos para Estrela e no ano seguinte comecei a frequentar a escola da Comunidade Evangélica, hoje Colégio Martin Luther. Os professores eram o P. Ernst Dietschi e sua esposa Ida. Cada semana, tínhamos uma celebração na igreja da qual eu gostava muito, principalmente dos cantos.

Fui confirmada no dia 3 de dezembro de 1950. Este dia foi muito importante para mim, pois com muita sinceridade fiz a confirmação da minha fé. Desde lá a minha participação na Igreja fez parte do meu viver diário. No ano seguinte comecei a cantar no coral da comunidade e mais tarde a participar da Juventude Evangélica.

Desde pequena, sonhei em ser médica, mas minha mãe não permitiu que eu saísse de casa para estudar. Dizia que as moças que iam estudar na cidade grande se “perdiam”. Depois, pensei em estudar na Casa Matriz de Diaconisas. Mas, novamente, minha mãe não permitiu que eu saísse de casa. Assim, minha forma de servir a Deus se deu de outra maneira.

A OASE é um marco muito importante na minha vida. Um mês após o meu casamento, com Gunther Gilberto Lengler, fui visitada por duas mulheres da OASE que me convidaram para participar do grupo. Isto foi uma surpresa, pois durante a época da Juventude nossos relacionamentos nem sempre eram amistosos. Mas aceitei e desde então sou membro. No grupo local exerci os cargos de secretária, tesoureira e presidente. 

Na década de 70 fui convidada para ser coordenadora distrital da OASE. Quando perguntei ao nosso pastor o que este cargo exigia, ele me respondeu: nada! Este “nada” se resumiu no seguinte: naquele tempo a diretoria da OASE regional era formada pelas coordenadoras distritais que, em forma de rodízio, alternavam o exercício da presidência. Mediante a renovação da diretoria houve também a alternância na condução da presidência que, na ocasião, deveria ser assumida pelo Vale Taquari. Assim, me tornei presidente regional no congresso de julho. Em março do ano seguinte realizou-se, em Curitiba, a reunião anual das presidentes regionais. Eu e a Irmã Ruthild Brakemeier, orientadora contratada da OASE participamos da reunião. Lá nova surpresa: a presidência da OASE nacional, no ano seguinte (1980) deveria ser assumida pela RE IV.

Era sonho das presidentes e orientadoras regionais editar um manual para as atividades da OASE. Com o apoio das lideranças regionais e de suas orientadoras, assumimos a tarefa. Elaboramos também um modelo de Regimento Interno. Os projetos foram enviados e submetidos à avaliação dos grupos de OASE sendo aprovados no 1º Congresso Nacional da OASE, realizado em 1982. Numa época de libertação e valorização das mulheres esses materiais serviram de auxílio e motivação para elas agirem com mais autonomia e coragem.

Nessa mesma ocasião, fui eleita pelo Congresso Nacional, para presidir a OASE por mais dois anos. Foi tempo de visitar as diversas regiões do Brasil e conhecer um pouco mais a nossa IECLB, os grupos da OASE e a cultura de cada região. Tive a oportunidade de falar com os estudantes da Faculdade de Teologia (EST) sobre a importância da OASE para nossas comunidades.

Representei a OASE em Concílios da IECLB. Fizemos um movimento para eleger mulheres para o Conselho Diretor da IECLB. E, no Concílio do Rio de Janeiro, elegemos quatro mulheres para titilares e três para suplentes. Fiz parte do Conselho Diretor da Igreja por quatro anos como titular e por mais quatro anos como suplente. Essa participação no Conselho ampliou meu conhecimento sobre a realidade brasileira, especialmente através do método de trabalho ‘Ver, julgar e agir’. 

Em 1990, a assembleia da Federação Luterana Mundial, realizada em Curitiba, elegeu o P. Presidente da IECLB, Dr.Gottfried Brakemeier e eu, para compormos o Conselho da FLM. Foram sete anos de ricos e novos conhecimentos, amizades, viagens a outros países e continentes. Mas também foi um tempo de muito trabalho, muito desgaste físico com longas viagens, reuniões de até dez dias consecutivos, realizadas em quatro línguas diferentes.

Como presidente da OASE, também participei de alguns conselhos e iniciativas, dentre os quais o Conselho de Diaconia, da OGA e da Fundação Luterana de Diaconia. Também fui membro da Associação Pella Bethania, do Conselho de fundação do CONIC, da criação do programa radiofônico “Conversando Com Você” e do Fórum da Mulher Luterana. A intenção sempre foi possibilitar que todas as mulheres tivessem lugar e espaço para alimentar sua fé, compartilhar conhecimentos e ter comunhão na nossa igreja. Não só para mulheres da OASE, mas também para as mulheres profissionais e demais grupos que estavam se organizando nas Comunidades pelo país.

Na minha Comunidade, em Estrela/RS, nunca deixei de participar ativamente da OASE e demais trabalhos comunitários. Ajudei nas atividades do serviço de assistência (diaconia) e durante cinco anos, ao lado do meu marido, estivemos na organização do Festival do Chucrute, festa do folclore alemão, tradicional em nossa Comunidade.

Aprendi que nosso testemunho de fé vai além dos muros da igreja. Creio que isto veio da vivência de minha família, pois sempre abrigávamos em nossa casa pessoas que vinham à cidade e não tinham onde ficar. Procurávamos nos colocar no lugar destas pessoas e fazíamos o que nos era possível para ajudá-las. Talvez por isto, além das minhas atividades na IECLB, também dei minha contribuição à minha cidade como vereadora de 1983 a 1988. Com a experiência que fui adquirindo, participei da fundação da Associação de Mulheres Estrelense (AME), ESTRETUR (entidade criada para promover o desenvolvimento e turismo do município) e da organização da Rota Turística Delícias da Colônia. De 2003 a 2007 fui presidente da Fundação Vovolândia São Pedro, entidade que foi organizada pelas Comunidades Católica e Evangélica para dar guarida a idosos que precisam de cuidados permanentes.

Hoje, depois da morte do meu esposo, moro sozinha, mas continuo dando minha colaboração naquilo que ainda posso fazer. Sou atualmente presidente do nosso grupo de OASE e participo do Grupo de Idosos Caminhando Juntos e de seu grupo de danças como uma das coordenadoras.

Profissionalmente, trabalhei de 1958 a 2000 na Transportadora Ijui Ltda, onde me aposentei. Meu marido e eu éramos os responsáveis pelas agências de Lajeado e Estrela. Por uma série de motivos da conjuntura econômica do país, a empresa foi vendida. Precisávamos de um novo ramo de atividades. Então, com 50 anos, voltei aos bancos escolares e fiz o curso de guia de Turismo. Com a amiga Marlene Ahlert, lançamos os fundamentos da ideia de desenvolver o turismo no Vale do Taquari. Fundamos a Ritur Turismo em Lajeado e depois a Stern Turismo, onde trabalhei até 2009, como sócia e guia de turismo.

Gosto de participar das atividades da comunidade e da cidade. Gosto de fazer visitas, bordar, ler, acessar a internet, fazer hidroginástica, e tudo o que ainda consigo fazer. Quando percebi que precisava manter minha memória em atividade, retomei aulas de teclado com um professor que vem na minha casa. Muitas vezes desligo a TV e toco teclado ou leio, pois prefiro isto a me intoxicar com os noticiários midiáticos que só trazem notícias negativas.

Minha maior alegria é ter servido a Deus de tantas formas e ainda ser presenteada com a família maravilhosa que Deus me deu: minhas duas filhas, Cristina (arquiteta e economista), Anelise (pastora da IECLB), casada com Vilmar Abentroth. E meus netos: Aliende, Samuel e neta Lilian Regina, que entre um compromisso e outro, pude ajudar a cuidar e paparicar.

Sob a proteção de Deus, compreendida e apoiada pelo meu marido e amparada pela família tenho uma vida muito abençoada. Em tudo o que até aqui vivi foram muitos momentos de alegria e satisfação. Certamente também tive momentos de dificuldades e tristezas. Sempre confiando em Deus e em seu filho Jesus Cristo procuro continuar servindo naquilo em que ainda tenho condições. Meu versículo preferido é Filipenses 4.13 : TUDO POSSO NAQUELE QUE ME FORTELECE. Sou muito grata a OASE e a IECLB por tudo que pude viver e aprender nesta caminhada.

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