APÓS 18 DIAS, RONDONISTAS DA UNIVATES RETORNAM DO MARANHÃO




APÓS 18 DIAS, RONDONISTAS DA UNIVATES RETORNAM DO MARANHÃO

O grupo da Univates que participou da Operação Jenipapo do Projeto Rondon 2015 retornou à Lajeado na terça feira (3). Os oito alunos acompanhados dos professores Flávio Aguiar Folletto e Dorli Maria Schneider estiveram na cidade de Cajapíó – que fica a aproximadamente 55 quilômetros da capital maranhense São Luís – fazendo serviço voluntário no programa coordenado pelo Ministério da Defesa. Esta é a nona participação da Univates no Projeto Rondon.

Durante 15 dias, o município de cerca de 10 mil habitantes recebeu os alunos Amanda Vetorello (Direito), Fábio Secchi (Engenharia Ambiental), Henrique Caumo (Arquitetura), Jéssica Schuster (Nutrição), Luana Salvi (Biologia), Maiara Blau (Estética e Cosmética), Marildo Guerini (Engenharia Ambiental) e Tiago Segabinazzi (Jornalismo). Eles trabalharam com os estudantes da Faculdade de Medicina de Jundiaí-SP (FMJ) atendendo crianças, adolescentes, moradores da cidade e líderes comunitários do interior de Cajapió.

Vindos de sete cursos de graduação, os rondonistas da Univates ofereceram 123 atividades em 29 temáticas diferentes, atingindo um público de 2.295 pessoas. As propostas de trabalho foram preparadas a partir da viagem precursora, feita pela coordenadora do projeto na Univates, Dorli Maria Schneider, no dia 02 de novembro de 2014.

Para a professora, a operação ocorreu dentro daquilo que é considerado normal – para quem já coordenou quase uma dezena de operações: “Os alunos sentiram as dificuldades do local e vieram de lá para cá com um pensamento modificado”, diz. Ela comemora a participação da comunidade nas atividades oferecidas pelos rondonistas, no entanto, lamenta a falta de organização e apoio oferecidos pela administração pública de Cajapió – o que motivou um replanejamento na operação.

O rondonista Henrique Caumo, por exemplo, teve que abrir mão da maior parte do conteúdo preparado para o município. “Não consegui passar lá exatamente o que eu gostaria e o que eu vinha preparando há meses, tive que me adaptar e ajudar os colegas devido à especificidade de minha área de atuação”, conta o aluno de Arquitetura e Urbanismo.

Caumo planejou tratar com o poder público municipal possibilidades de se fomentar o turismo na região, discutir mobilidade urbana e acessibilidade e preparar um plano diretor para a cidade No entanto, as demandas públicas de Cajapió se concentravam em questões estruturais, como a condição das calçadas e das ruas. “Ao final de tudo, atingimos o objetivo de trocar experiências: pudemos compartilhar nosso conhecimento ao compreender a realidade das pessoas de lá; a mudança foi boa para o grupo para testar e aprimorar nossa capacidade de adaptação”, explica.

Este aspecto é considerado fundamental para que o projeto tenha sucesso, segundo o professor Flávio Aguiar Folletto. “Foi preciso correr atrás do público para participar das atividades e ainda readaptar o cronograma”, conta. Nesta operação, Folletto integrou o grupo de rondonistas como professor, mas há quase três anos, esteve do outro lado: como aluno.

Em julho de 2011, quando cursava Engenharia Ambiental, foi para Caracol, interior do Mato Grosso do Sul, na operação Arara Azul. Na época, a expectativa do aluno era de que houvesse público esperando pelas atividades, já como professor, foi com muito mais incerteza do que poderia ser encontrado em uma cidade remota do estado mais pobre do Brasil. “É o local mais pobre que já visitei, tanto no aspecto econômico quanto na questão cultural: devido ao difícil acesso à informação, o local se mostra atrasado em comparação à média do Brasil”, afirma.

Durante a primeira semana em Cajapió, o grupo da Univates concentrou as atividades na sede do município: nas escolas, ofereceu palestras de empreendedorismo e ecologia, preparação para a redação do Enem, ensino de yoga e de xadrez; no hospital da cidade, foram feitas preparações com funcionários da cozinha sobre nutrição e reaproveitamento de alimentos; com a comunidade, se ensinou como construir composteiras e hortas comunitárias, sobre o uso de repelentes naturais, a utilização de chás e oficinas de artesanato. No final de semana, no centro cultural do município, houve apresentação da tradição gaúcha aos cajapioenses.

Na segunda semana, as atividades no centro eram reservadas para o turno da noite, pois, durante o dia, foram visitados os povoados da zona rural do município e as comunidades quilombolas em Fazenda Nova, Manoel Bravo, Ilha Grande, Boa Esperança, Picadas, Iraque e Belagua. As maiores dificuldades relatadas pelos moradores do interior foram o acesso à água e a produção de alimentos. Lá foram feitas palestras sobre hortas, construção de cisternas, meio ambiente e produção, filtros de água, separação de lixo, saneamento básico, manejo do solo e cuidado com animais e doenças.

O grupo da Univates partiu de Lajeado na sexta feira, dia 16 de janeiro. De avião, foram de Porto Alegre para São Luís, com conexão em Belo Horizonte. Até a tarde de domingo, estiveram no 24º Batalhão de Infantaria Leve de São Luís, onde receberam dormitório e alimentação. Para chegar até Cajapíó, os rondonistas viajaram cerca de cinco horas de balsa e de ônibus. Chegaram no município por volta das 22h e foram alojados em uma escola municipal.

Após o trabalho em Cajapió, o grupo de estudantes da Univates e da FMJ foi um dos cinco sorteados para apresentar o trabalho no encerramento do Projeto Rondon, para outros 300 rondonistas, vindos de 30 instituições de ensino. O relato foi exposto em forma de teatro, lembrando das curiosidades das atividades propostas e dos personagens encontrados na jornada, como o motorista Ernandes e João “Ceguinho”, um comerciante cego de nascença que, de ouvido, aprendeu a tocar gaita de boca e pandeiro ao mesmo tempo. Sua interpretação da canção “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga, encerrou a mostra e a participação da Univates na Operação Jenipapo.

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