Desde que um caderno de português de 1961 foi descoberto intacto sob o assoalho de uma sala de aula, uma pergunta intriga o colégio Martin Luther, em Estrela, no Vale do Taquari. A busca pelo nome escrito na capa iniciou há uma semana. Transformou o professor de história em detetive à caça da aluna de grafia caprichada. A questão a ser respondida é quem é Eva.
O caderno foi achado durante uma reforma. Estava escondido embaixo de tábuas velhas há mais de cinco décadas. Por pouco, o item histórico não parou no lixo. Foi retirado do carrinho de entulhos dos trabalhadores pelo funcionário de serviços gerais Carmelito Ribeiro de Moraes. Bastou ele tocar nas folhas empoeiradas para perceber que estava diante de uma raridade:
— Quando vi a data, quase não acreditei. Eu nasci oito anos depois daqueles escritos. É muito curioso.
Moraes conta que perto do local do achado havia uma fissura, consertada há alguns anos. Ele acredita que o caderno tenha caído no buraco por engano. Ou, quem sabe, foi escondido de propósito. Quando recebeu o objeto, o professor de história e vice-diretor da escola, Werner Kurt Higelmann, arregalou os olhos. E sorriu. Cabe a ele a missão de desvendar o caso.
A primeira pista é o nome escrito na capa: Eva Way. Ou Eva Wag? O professor conta que o sobrenome não é conhecido na cidade. Mas alerta que pode ter sido escrito errado ou abreviado. Ao folhear as páginas amareladas, ele encontrou ditados, gramática e exercícios de português. Pelo conteúdo, a suspeita é que a dona estudava no 1º ano do ginásio, equivalente ao 6º ano do Ensino Fundamental. Teria 12 anos na época, calcula:
— Ainda não analisei com calma o caderno nem os arquivos da escola. Mas vou descobrir.
Os cerca de 700 alunos entraram em alvoroço com o mistério. Enchem o professor de perguntas, ainda sem respostas. Higelmann prometeu investigar bem para explicar cada detalhe aos estudantes. Enquanto isso, o caderno fica guardado na escola, cujo prédio foi construído em 1952.
Na busca pela origem do caderno, o educador recorre à própria memória. Afinal, é ex-aluno da escola — ingressou em 1963. Se Eva concluiu o ginásio no colégio, talvez até tenham se cruzado pelos corredores. Mas a busca tem mais um alento: as iniciais no visto assinado pela professora podem ajudar a resolver o mistério.
Desde o início da obra, há três semanas, objetos antigos como lápis, canetas e moedas já foram encontrados. Talvez haja outras pistas.
— É uma busca fascinante. Espero encontrar a dona e poder devolver o caderno — afirma.
Fonte ZH
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