Leandro Vuaden prometeu à Comissão de Arbitragem da Federação Gaúcha de Futebol que vai refletir sobre seu estilo de apitar.
– Claro que estou sujeito a equívocos, assim como um atacante pode perder uma chance claríssima de gol – afirmou ontem após desembarcar do avião que o trouxe de Santiago, no Chile, onde apitou Universidad do Chile e Peñarol, pela Libertadores.
A reunião foi provocada pela enxurrada de críticas que recebeu após a arbitragem de Cruzeiro e Grêmio, no domingo, partida na qual o atacante tricolor Kleber quebrou a fíbula em um lance com o zagueiro Léo Carioca.
Na próxima terça-feira, Vuaden voltará à FGF para discutir os lances polêmicos da arbitragem com integrantes da comissão. Confira trechos da conversa de Vuaden com Zero Hora, por telefone, na tarde de ontem:
Zero Hora – Como foi a reunião com a Comissão de Arbitragem?
Leandro Vuaden – Eles me deixaram a par de tudo que foi comentado sobre o assunto, e eu vou analisar o jogo, que eu não consegui ver ainda, com calma e tranquilidade, para ver se realmente está de acordo com tudo aquilo que foi dito. Vou fazer esta autocrítica, e um integrante da Comissão fará o mesmo. Temos uma reunião marcada para a semana que vem para debater os lances do jogo.
ZH – A comissão demonstrou apoio a você?
Vuaden – Sempre mantive uma postura de respeito e profissionalismo com a comissão. Esta relação de confiança faz com que eu saiba ouvir, já que sou um prestador de serviços à Federação Gaúcha de Futebol. Claro que existe a cobrança nesta relação entre empregador e empregado. Mas foi uma conversa muito tranquila, e o único pedido é uma reflexão sobre a minha característica de deixar o jogo correr.
ZH – Como define o seu estilo de arbitragem?
Vuaden – Um estilo que quer ver futebol jogado, de qualidade, que seja emocionante para o torcedor e, acima de tudo, que seja leal. Essa é a minha opinião, distorcida por alguns comentaristas. Sei que eu não sou uma unanimidade. Quero ver o futebol disputado, movimentado, eu gosto que tenha de correr 15 quilômetros, que o narrador termine o jogo sem voz. Mas futebol bem jogado é na bola. Agora, é claro, que é um esporte de contato físico e algo fora do comum pode ocorrer. Com disputa, mas disputa leal.
ZH – Como você lida com a repercussão de um erro em campo?
Vuaden – O árbitro é uma pessoa pública, mas não é um ídolo. Mas precisa ter essa consciência para manter a rotina de cidadão, aceitando críticas e elogios. Um árbitro pode acertar 99 lances. Se errar um, este que irá prevalecer. Preciso ter sempre calma para saber ouvir, levando em conta que nem tudo que estão dizendo é a verdade. Há fato e há boato.
ZH – Quando você verá o jogo?
Vuaden – Hoje (ontem) à noite. Vou tomar nota de tudo, de acertos e equívocos, principalmente de equívocos, para ver se eu estava mal posicionado. E na terça-feira teremos uma nova reunião, de cunho interno.
ZH – Chegou a ver o lance que ocasionou a lesão do Kleber?
Vuaden – Não posso falar de detalhes técnicos, por orientação superior, mas já está tudo esclarecido, por todos, inclusive os jogadores envolvidos.
ZH – Fica alguma mágoa deste episódio e das críticas recebidas?
Vuaden – Nunca. Eu trabalho com o bem e para bem, e tenho isso como lema de vida. Gosto de brincar: “me queiram bem que não custa nada”.
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