Cerveja Polar - Fechamento de unidades do RS
Resenha dos fatos que originaram o fechamento da Antarctica/Polar em Estrela-RS, e demais cervejarias regionais do Rio Grande do Sul
O presente relato não tem a pretensão de esgotar o assunto sobre a complexa conjuntura que levou ao fechamento de oito cervejarias no Rio Grande do Sul, entre 1996 e 2006. São elas: Pérola de Caxias do Sul; Serramalte de Feliz; Bavária de Getúlio Vargas; Polar de Montenegro; SKOL de Passo Fundo; Brahma de Porto Alegre; Polar de Estrela e Antarctica/refrigerantes de Canoas.
Tão pouco a intenção é procurar culpado, pois a questão é muito ampla e recheada de interesses comerciais, políticos, guerra fiscal, conjuntura estadual e nacional, globalização e fusão de grandes grupos econômicos, nacionais e transnacionais.
Poderia me posicionar a cerca de cada item, porém o objetivo é apenas e tão somente narrar fatos e acontecimentos e deixar que cada um tire suas próprias conclusões.
Porém uma questão aparece de forma clara e absoluta: ficou difícil para a população de Estrela e de outros municípios já citados, suas lideranças políticas e empresariais e para o movimento sindical compreender todos os fenômenos que contribuíram, de forma isolada ou em conjunto, para desativação das cervejarias.
Também no que se refere ao enfrentamento da situação, ninguém sabia ao certo a quem recorrer. É compreensível, a macro-política e macro-economia, atuaram de forma tão rápida e voraz que ficou complicado até para pessoas bem intencionadas compreender ou aceitar suas ações devastadoras, que atingiram as cervejarias regionais do Rio Grande do Sul.
O capital não tem rosto, ele age como uma onda, vem e vai, traz e leva. Não tem preocupação com os problemas sociais, que podem causar suas ações de fluxo e refluxo. O lucro em bilhões de dólares é a meta. Porém de alguma forma precisamos analisar os fenômenos políticos e econômicos que formaram está onda gigante que levou as cervejarias do Rio Grande do Sul ao fechamento. Mesmo assim, talvez nunca saberemos de toda a verdade.
Tão pouco a intenção é procurar culpado, pois a questão é muito ampla e recheada de interesses comerciais, políticos, guerra fiscal, conjuntura estadual e nacional, globalização e fusão de grandes grupos econômicos, nacionais e transnacionais.
Poderia me posicionar a cerca de cada item, porém o objetivo é apenas e tão somente narrar fatos e acontecimentos e deixar que cada um tire suas próprias conclusões.
Porém uma questão aparece de forma clara e absoluta: ficou difícil para a população de Estrela e de outros municípios já citados, suas lideranças políticas e empresariais e para o movimento sindical compreender todos os fenômenos que contribuíram, de forma isolada ou em conjunto, para desativação das cervejarias.
Também no que se refere ao enfrentamento da situação, ninguém sabia ao certo a quem recorrer. É compreensível, a macro-política e macro-economia, atuaram de forma tão rápida e voraz que ficou complicado até para pessoas bem intencionadas compreender ou aceitar suas ações devastadoras, que atingiram as cervejarias regionais do Rio Grande do Sul.
O capital não tem rosto, ele age como uma onda, vem e vai, traz e leva. Não tem preocupação com os problemas sociais, que podem causar suas ações de fluxo e refluxo. O lucro em bilhões de dólares é a meta. Porém de alguma forma precisamos analisar os fenômenos políticos e econômicos que formaram está onda gigante que levou as cervejarias do Rio Grande do Sul ao fechamento. Mesmo assim, talvez nunca saberemos de toda a verdade.
1992 – Reestruturação e redistribuição produtiva:
Com o processo de globalização iniciado no governo do Presidente da República, Fernando Collor de Mello, a partir de 1992 o grupo Antarctica-Polar, inicia o processo de reestruturação produtiva nas unidades do RS. Novas tecnologias são implementadas nas unidades fabris, além da informatização dos setores administrativos.
No setor de produção, em Estrela, com a intervenção do movimento sindical, a xaroparia (refrigerantes) funcionou por mais alguns anos, mas acaba sendo desativada, pois a moderna fábrica de refrigerantes, construída em Canoas no início dos anos 90, com incentivos do Estado, atende a demanda e mercado do RS. Toda produção Chopp em Estrela é transferida para Montenegro, sob a alegação que o sistema de embreamento dos barris de madeira exigia produtos químicos poluentes, não mais aceitáveis pela legislação. Em Montenegro a produção de Chopp era armazenada em barris de aço.
Em novembro de 1992 o Grupo Antarctica/Polar divulgou uma nota, assinada pelo seu Diretor Presidente Hélio Jorge Corá, afirmando que, em função da conjuntura econômica, onde a competição de mercado tornou-se acirrada, exigiu da Companhia reestruturar e redistribuir volumes de produção entre unidades, a fim de obter contenção de gastos fixos e torná-los auto-sustentáveis.
1993 - ICMS alto – Motivo para demissões:
Em agosto de 1993 uma nova crise atinge a Antarctica/Polar no RS, devido à alta tributação que incide sobre o ramo de bebidas considerado pelo governador Collares como não essencial.
Apesar dos apelos das diversas comunidades envolvidas, o governador do Estado não abriu mão das alíquotas de 25% de ICMS, o que encarecia o produto se comparado com Santa Catarina, por exemplo, que tinha o ICMS de 17%. Uma Comissão de sindicalistas ligados ao ramo de bebidas esteve em audiência com o Governador, que não se sensibilizou com os problemas do setor. O consumo de bebidas caiu no RS. A Direção da Antarctica, através de seu Presidente Hélio Jorge Corá, disse, na época, que a empresa vinha registrando prejuízos operacionais no Estado. Um acordo flexibilizando a jornada de trabalho foi aceito pelos cervejeiros, porém não foi suficiente para impedir a demissão de 250 cervejeiros no RS.
Segundo Ministério do Trabalho (Rais), em 2003 restam 2.679 cervejeiros no RS.
Em agosto de 1993 uma nova crise atinge a Antarctica/Polar no RS, devido à alta tributação que incide sobre o ramo de bebidas considerado pelo governador Collares como não essencial.
Apesar dos apelos das diversas comunidades envolvidas, o governador do Estado não abriu mão das alíquotas de 25% de ICMS, o que encarecia o produto se comparado com Santa Catarina, por exemplo, que tinha o ICMS de 17%. Uma Comissão de sindicalistas ligados ao ramo de bebidas esteve em audiência com o Governador, que não se sensibilizou com os problemas do setor. O consumo de bebidas caiu no RS. A Direção da Antarctica, através de seu Presidente Hélio Jorge Corá, disse, na época, que a empresa vinha registrando prejuízos operacionais no Estado. Um acordo flexibilizando a jornada de trabalho foi aceito pelos cervejeiros, porém não foi suficiente para impedir a demissão de 250 cervejeiros no RS.
Segundo Ministério do Trabalho (Rais), em 2003 restam 2.679 cervejeiros no RS.
1994-1995 – Triplica o lucro da Antarctica/Polar no RS:
A Antarctica/Polar, só no RS, ocupou o 109° lugar entre as grandes empresas nacionais. O lucro líquido, em 1995, foi de R$ 46.853.000,00 (quarenta e seis milhões, oitocentos e cinqüenta e três mil Reais). Os dados foram divulgados pela Nardon – Nasi e Cia Ltda, que era a empresa de auditoria da Antactica/Polar, publicado em caderno especial da Folha de São Paulo. Nesse ano (1995) os sindicatos da alimentação e bebidas conquistaram a participação dos cervejeiros nos lucros da empresa. O acordo foi fechado a nível nacional pela CONTAC – Confederação Nacional dos Trabalhadores da Alimentação, valendo inclusive para os cervejeiros gaúchos.
A Antarctica/Polar, só no RS, ocupou o 109° lugar entre as grandes empresas nacionais. O lucro líquido, em 1995, foi de R$ 46.853.000,00 (quarenta e seis milhões, oitocentos e cinqüenta e três mil Reais). Os dados foram divulgados pela Nardon – Nasi e Cia Ltda, que era a empresa de auditoria da Antactica/Polar, publicado em caderno especial da Folha de São Paulo. Nesse ano (1995) os sindicatos da alimentação e bebidas conquistaram a participação dos cervejeiros nos lucros da empresa. O acordo foi fechado a nível nacional pela CONTAC – Confederação Nacional dos Trabalhadores da Alimentação, valendo inclusive para os cervejeiros gaúchos.
1996 – Guerra da Cerveja decreta fechamento de fábricas:
E tudo começou com os incentivos do Fundopen concedido pelo governo gaúcho (Antônio Britto) para Brahma. Exatamente no dia sete de março de 1996, um projeto do governador Antônio Britto, que amplia benefícios fiscais do Fundopen, dá entrada na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul. Da aprovação do projeto resultou a instalação de uma nova fábrica de cervejas da Brahma em solo gaúcho.
A proposta da Brahma foi entregue ao governador Britto, pelo diretor-geral da empresa Marcel Hermann, em clima de comemoração. Britto pousou para os fotógrafos com o boné da cervejaria. O Palácio Piratini – sede do governo gaúcho foi enfeitado com bandeiras estampando logotipo da Brahma. As recepcionistas do Palácio usavam vestidos das cores e marca da Brahma. Os números da nova fábrica da Brahma: Investimento de 600 milhões de dólares; na primeira fase da fábrica foram investidos 150 milhões de dólares; deveria gerar mil postos de trabalho na primeira fase, e seis mil quando concluída; a capacidade de 1,2 bilhão de litros de cerveja e refrigerantes por ano; o mercado alvo da fábrica, que começou a produzir em 1998, é a região sul do Brasil e países do Mercosul.
Benefício: Através do Fundopen, o governador Britto concedeu a Brahma 75% de isenção de impostos sobre o pagamento do ICMS devido. 1996 - Represália – Antarctica/Polar fecha a cervejaria Pérola de Caxias do Sul: Políbio Braga em sua coluna do Correio do Povo de 15 de março de 1996, faz um alerta: O CASO ANTARCTICA: A empresa nega, mas se sabe que a decisão do grupo paulista, de fechar a Cervejaria Pérola em Caxias do Sul, foi uma represália à decisão do governo gaúcho de conceder incentivos inéditos para a Brahma. A Antarctica tinha outras fábricas no Rio Grande do Sul, fruto de uma política da empresa nos anos 70, quando acabou com as cervejarias regionais gaúchas, por absorção.
O então assessor da Antarctica Paulista, Eduardo Serpa, fez uma ameaça: Vamos fechar todas as fábricas no Rio Grande do Sul. É possível que Serpa tenha desejado que suas inconfidências chegassem aos ouvidos do governador Antônio Britto. Políbio acrescenta: O fechamento da Pérola de Caxias do Sul está previsto para o dia 31 de março de 1996. Pelo menos 250 cervejeiros perderam o emprego e mais 1.500 desempregados no RS, nos anos que se seguiram. Como previa Políbio Braga, as ameaças de Serpa eram sérias. Não sobrou nenhuma cervejaria das sete existentes até então.
Seguindo o destino da Pérola de Caxias do Sul, a Cervejaria Serramalte de Feliz é fechada em julho do mesmo ano. O prefeito de Feliz afirmou na época que o município perdeu 30% de sua arrecadação e 170 cervejeiros perderam o emprego. No dia 09 de julho de 1996, o município de Estrela se fez representar, através do prefeito Guinther Wagner, ACIE - Associação Comercial e Industrial de Estrela e Sindicato da Alimentação, numa audiência no Palácio Piratini com representantes do governo do Estado do RS. Acompanharam a audiência, lideranças políticas e sindicais de outros municípios com fábricas de cerveja mais a direção da Antarctica, quando ainda se buscava uma saída para o impasse gerado com os incentivos do Fundopen concedidos para a Brahma. Centenas de cervejeiros de Caxias do Sul e Feliz acompanhados de familiares protestaram em frente do Palácio. A Antarctica pleiteava o mesmo tratamento concedido para Brahma, com redução do ICMS para seus produtos, o que não foi concedido pelo governador Britto. Resultado, mais demissões.
E tudo começou com os incentivos do Fundopen concedido pelo governo gaúcho (Antônio Britto) para Brahma. Exatamente no dia sete de março de 1996, um projeto do governador Antônio Britto, que amplia benefícios fiscais do Fundopen, dá entrada na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul. Da aprovação do projeto resultou a instalação de uma nova fábrica de cervejas da Brahma em solo gaúcho.
A proposta da Brahma foi entregue ao governador Britto, pelo diretor-geral da empresa Marcel Hermann, em clima de comemoração. Britto pousou para os fotógrafos com o boné da cervejaria. O Palácio Piratini – sede do governo gaúcho foi enfeitado com bandeiras estampando logotipo da Brahma. As recepcionistas do Palácio usavam vestidos das cores e marca da Brahma. Os números da nova fábrica da Brahma: Investimento de 600 milhões de dólares; na primeira fase da fábrica foram investidos 150 milhões de dólares; deveria gerar mil postos de trabalho na primeira fase, e seis mil quando concluída; a capacidade de 1,2 bilhão de litros de cerveja e refrigerantes por ano; o mercado alvo da fábrica, que começou a produzir em 1998, é a região sul do Brasil e países do Mercosul.
Benefício: Através do Fundopen, o governador Britto concedeu a Brahma 75% de isenção de impostos sobre o pagamento do ICMS devido. 1996 - Represália – Antarctica/Polar fecha a cervejaria Pérola de Caxias do Sul: Políbio Braga em sua coluna do Correio do Povo de 15 de março de 1996, faz um alerta: O CASO ANTARCTICA: A empresa nega, mas se sabe que a decisão do grupo paulista, de fechar a Cervejaria Pérola em Caxias do Sul, foi uma represália à decisão do governo gaúcho de conceder incentivos inéditos para a Brahma. A Antarctica tinha outras fábricas no Rio Grande do Sul, fruto de uma política da empresa nos anos 70, quando acabou com as cervejarias regionais gaúchas, por absorção.
O então assessor da Antarctica Paulista, Eduardo Serpa, fez uma ameaça: Vamos fechar todas as fábricas no Rio Grande do Sul. É possível que Serpa tenha desejado que suas inconfidências chegassem aos ouvidos do governador Antônio Britto. Políbio acrescenta: O fechamento da Pérola de Caxias do Sul está previsto para o dia 31 de março de 1996. Pelo menos 250 cervejeiros perderam o emprego e mais 1.500 desempregados no RS, nos anos que se seguiram. Como previa Políbio Braga, as ameaças de Serpa eram sérias. Não sobrou nenhuma cervejaria das sete existentes até então.
Seguindo o destino da Pérola de Caxias do Sul, a Cervejaria Serramalte de Feliz é fechada em julho do mesmo ano. O prefeito de Feliz afirmou na época que o município perdeu 30% de sua arrecadação e 170 cervejeiros perderam o emprego. No dia 09 de julho de 1996, o município de Estrela se fez representar, através do prefeito Guinther Wagner, ACIE - Associação Comercial e Industrial de Estrela e Sindicato da Alimentação, numa audiência no Palácio Piratini com representantes do governo do Estado do RS. Acompanharam a audiência, lideranças políticas e sindicais de outros municípios com fábricas de cerveja mais a direção da Antarctica, quando ainda se buscava uma saída para o impasse gerado com os incentivos do Fundopen concedidos para a Brahma. Centenas de cervejeiros de Caxias do Sul e Feliz acompanhados de familiares protestaram em frente do Palácio. A Antarctica pleiteava o mesmo tratamento concedido para Brahma, com redução do ICMS para seus produtos, o que não foi concedido pelo governador Britto. Resultado, mais demissões.
1997 – Continuam as negociações:
No dia 02 de março de 1997, foi realizada uma Assembléia Unitária dos cervejeiros gaúchos no município de Estrela. O evento reuniu mais de 1.000 pessoas de Estrela, Getúlio Vargas, Montenegro, Porto Alegre, Feliz, Caxias do Sul e Canoas.^
Para manter os postos de trabalho a Antarctica/Polar apresentou uma proposta de Banco de Horas. Com o acordo a empresa se comprometia a estancar o processo de demissão iniciado em 1996.
Os cervejeiros aceitaram a proposta de Banco de Horas com uma condição: Durante a vigência do acordo a empresa não poderia mais fechar unidades no RS. Porém após outras reuniões entre Antarctica/Polar e Sindicalistas que representavam os cervejeiros o acordo não chegou a ser assinado.
No dia 02 de março de 1997, foi realizada uma Assembléia Unitária dos cervejeiros gaúchos no município de Estrela. O evento reuniu mais de 1.000 pessoas de Estrela, Getúlio Vargas, Montenegro, Porto Alegre, Feliz, Caxias do Sul e Canoas.^
Para manter os postos de trabalho a Antarctica/Polar apresentou uma proposta de Banco de Horas. Com o acordo a empresa se comprometia a estancar o processo de demissão iniciado em 1996.
Os cervejeiros aceitaram a proposta de Banco de Horas com uma condição: Durante a vigência do acordo a empresa não poderia mais fechar unidades no RS. Porém após outras reuniões entre Antarctica/Polar e Sindicalistas que representavam os cervejeiros o acordo não chegou a ser assinado.
1998 – Inauguração da nova Fábrica da Brahma no RS:
No dia 15 de setembro de 1998, a Brahma inaugura, no distrito de Águas Claras, no município de Viamão, uma das fábricas de cerveja mais moderna do mundo, empregando 400 cervejeiros de forma direta e mais 4.000 pessoas de forma indireta. Deveria gerar 97 milhões de reais de ICMS anualmente. A Brahma construiu a nova fábrica com apoio do BNDS e do governo do estado (Antônio Britto). As linhas de produção da fábrica são totalmente automatizadas, além de proporcionar grande produtividade. A água que abastece a fábrica é suficiente para atender uma cidade de 50 mil habitantes. O consumo de energia elétrica é semelhante ao de uma cidade de 12 mil habitantes. Com a inauguração da nova fábrica em Viamão, mais duas cervejarias foram fechadas no Rio Grande do Sul, a SKOL de Passo Fundo com 300 cervejeiros e a Brahma da Avenida Cristóvão Colombo, em Porto Alegre com 400 trabalhadores demitidos.
No dia 15 de setembro de 1998, a Brahma inaugura, no distrito de Águas Claras, no município de Viamão, uma das fábricas de cerveja mais moderna do mundo, empregando 400 cervejeiros de forma direta e mais 4.000 pessoas de forma indireta. Deveria gerar 97 milhões de reais de ICMS anualmente. A Brahma construiu a nova fábrica com apoio do BNDS e do governo do estado (Antônio Britto). As linhas de produção da fábrica são totalmente automatizadas, além de proporcionar grande produtividade. A água que abastece a fábrica é suficiente para atender uma cidade de 50 mil habitantes. O consumo de energia elétrica é semelhante ao de uma cidade de 12 mil habitantes. Com a inauguração da nova fábrica em Viamão, mais duas cervejarias foram fechadas no Rio Grande do Sul, a SKOL de Passo Fundo com 300 cervejeiros e a Brahma da Avenida Cristóvão Colombo, em Porto Alegre com 400 trabalhadores demitidos.
1999 – Mega – Fusão Brahma e Antarctica surge a AmBev:
Em agosto de 1999, eclode a notícia da “Mega Fusão” das duas maiores cervejarias do Brasil. Em Estrela acontece uma grande mobilização popular com abraço a fábrica. Foi criado o Slogan: “Pô Polar, Estrela é teu lar”. Imediatamente os cervejeiros sentem o risco do desemprego. A fusão se autorizada pelo CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica, colocaria em risco mil empregos em Estrela, Getúlio Vargas, Montenegro e Canoas.
Angustiados pelo risco do desemprego, representantes dos cervejeiros e prefeitos dos municípios, reuniram-se com o CADE em 09 de setembro de 1999, para discutir os efeitos da fusão entre Brahma e Antarctica. O temor era de que a AMBEV, empresa resultante desativasse unidades da Antarctica no RS.
O Secretário do Desenvolvimento Econômico - Sedai, José Moraes, determinou estudos sobre a concessão do Fundopen para Brahma no RS. Até 09 de setembro de 1999, o estado do RS já havia investido mais de 18 milhões de reais nesta fábrica.
Estrela pede apoio ao governo do Estado, para evitar o fechamento da unidade local. Em reunião com lideranças do município, o governador Olívio Dutra falou sobre o Fundopen, que segundo ele favorece a concentração de empresas em algumas regiões e em alguns setores provocando uma concorrência desleal. Prometeu estudar e se fosse possível rever os incentivos para Brahma em Viamão.
Porém além da gentileza do governador do Estado, nenhuma medida restritiva foi tomada contra a empresa que iniciou um processo de demissão em todas unidades do RS.
Em agosto de 1999, eclode a notícia da “Mega Fusão” das duas maiores cervejarias do Brasil. Em Estrela acontece uma grande mobilização popular com abraço a fábrica. Foi criado o Slogan: “Pô Polar, Estrela é teu lar”. Imediatamente os cervejeiros sentem o risco do desemprego. A fusão se autorizada pelo CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica, colocaria em risco mil empregos em Estrela, Getúlio Vargas, Montenegro e Canoas.
Angustiados pelo risco do desemprego, representantes dos cervejeiros e prefeitos dos municípios, reuniram-se com o CADE em 09 de setembro de 1999, para discutir os efeitos da fusão entre Brahma e Antarctica. O temor era de que a AMBEV, empresa resultante desativasse unidades da Antarctica no RS.
O Secretário do Desenvolvimento Econômico - Sedai, José Moraes, determinou estudos sobre a concessão do Fundopen para Brahma no RS. Até 09 de setembro de 1999, o estado do RS já havia investido mais de 18 milhões de reais nesta fábrica.
Estrela pede apoio ao governo do Estado, para evitar o fechamento da unidade local. Em reunião com lideranças do município, o governador Olívio Dutra falou sobre o Fundopen, que segundo ele favorece a concentração de empresas em algumas regiões e em alguns setores provocando uma concorrência desleal. Prometeu estudar e se fosse possível rever os incentivos para Brahma em Viamão.
Porém além da gentileza do governador do Estado, nenhuma medida restritiva foi tomada contra a empresa que iniciou um processo de demissão em todas unidades do RS.
2000 – Clima de Instabilidade:
No dia 08 de janeiro de 2000, sindicalistas ligados a CONTAC – Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação e FTIA-RS – Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação do RS, vem a Estrela e alertam aos cervejeiros sobre as demissões naqueles dias. Não deu outra as demissões se sucedem a conta-gotas. No mesmo ano fecha a cervejaria Bavaria de Getúlio Vargas com a demissão de 250 cervejeiros.
No dia 08 de janeiro de 2000, sindicalistas ligados a CONTAC – Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação e FTIA-RS – Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação do RS, vem a Estrela e alertam aos cervejeiros sobre as demissões naqueles dias. Não deu outra as demissões se sucedem a conta-gotas. No mesmo ano fecha a cervejaria Bavaria de Getúlio Vargas com a demissão de 250 cervejeiros.
2001 – Mais demissões:
No dia 06 de fevereiro de 2001, o Sindicato de Estrela denuncia a demissão de mais 62 cervejeiros em Estrela.
Em junho fecha mais uma unidade da Antarctica/Polar – refrigerantes de Canoas com mais 100 demitidos.
No dia 06 de fevereiro de 2001, o Sindicato de Estrela denuncia a demissão de mais 62 cervejeiros em Estrela.
Em junho fecha mais uma unidade da Antarctica/Polar – refrigerantes de Canoas com mais 100 demitidos.
2002 – Continuam as demissões em Estrela:
Em janeiro de 2002, os cervejeiros da unidade da Antarctica/Polar de Estrela, são surpreendidos com mais 35 demissões. Em Montenegro foram mais 55 demissões. A justificativa da AmBev indica a necessidade de promover uma reestruturação nas áreas de produção e logística nas áreas de distribuição de cerveja no estado do RS.
Sobraram apenas 83 cervejeiros em Estrela. A partir desta data, encerra-se a fabricação de cerveja na unidade e limita o processo a fábrica de Montenegro. A filial de Estrela fica restrita ao envasamento e distribuição de cerveja. Por outro lado a Ambev expande seu mercado para América Latina, quando se junta a Quilmes da Argentina.
Em janeiro de 2002, os cervejeiros da unidade da Antarctica/Polar de Estrela, são surpreendidos com mais 35 demissões. Em Montenegro foram mais 55 demissões. A justificativa da AmBev indica a necessidade de promover uma reestruturação nas áreas de produção e logística nas áreas de distribuição de cerveja no estado do RS.
Sobraram apenas 83 cervejeiros em Estrela. A partir desta data, encerra-se a fabricação de cerveja na unidade e limita o processo a fábrica de Montenegro. A filial de Estrela fica restrita ao envasamento e distribuição de cerveja. Por outro lado a Ambev expande seu mercado para América Latina, quando se junta a Quilmes da Argentina.
2003 – Agoniza cervejaria de Estrela:
Agoniza aquela que foi a maior empresa de Estrela desde 1945. Capenga o envasamento da bebida na unidade da Antactica/Polar de Estrela. Estrela chora a perda de sua fábrica, enquanto a AmBev contabiliza um faturamento de 487 milhões de dólares em 2003.
Agoniza aquela que foi a maior empresa de Estrela desde 1945. Capenga o envasamento da bebida na unidade da Antactica/Polar de Estrela. Estrela chora a perda de sua fábrica, enquanto a AmBev contabiliza um faturamento de 487 milhões de dólares em 2003.
2004 – AmBev ganha o mundo:
Enquanto a AmBev anuncia uma aliança com a Interbrew, de Bruxelas, na Bélgica, numa operação de 11 bilhões de dólares, aos poucos os trabalhadores que restam na Antarctica/Polar de Estrela, já não precisam ir até a empresa.
Apenas um grupo pequeno vigia os equipamentos.
A situação da unidade de Montenegro não é diferente, alguns poucos cervejeiros e fábrica praticamente parada.
Única fábrica da AmBev em atividade no RS é a unidade de Viamão, aquela mesmo que recebeu os incentivos do Fundopen.
Enquanto a AmBev anuncia uma aliança com a Interbrew, de Bruxelas, na Bélgica, numa operação de 11 bilhões de dólares, aos poucos os trabalhadores que restam na Antarctica/Polar de Estrela, já não precisam ir até a empresa.
Apenas um grupo pequeno vigia os equipamentos.
A situação da unidade de Montenegro não é diferente, alguns poucos cervejeiros e fábrica praticamente parada.
Única fábrica da AmBev em atividade no RS é a unidade de Viamão, aquela mesmo que recebeu os incentivos do Fundopen.
2005 – No lugar da fábrica um grande distribuidor:
Estrela perde a fábrica de cervejas, mas fica com um grande distribuidor regional dos produtos da AmBev.
Estrela perde a fábrica de cervejas, mas fica com um grande distribuidor regional dos produtos da AmBev.
2006 – E o fim chegou:
A capacidade ociosa elevada gera alto custo operacional e a decisão é encerrar as atividades de Estrela e Montenegro. Coincide com a decisão do CADE – 6 anos depois.
AmBev de Viamão vai abastecer mercado A AmBev fica com 1.618 trabalhadores no Rio Grande do Sul, divididos nas unidades de Porto Alegre (maltaria) e Viamão. Nesta última há a fabricação de praticamente todas as linhas de produtos, com exceção da cerveja long neck (Lages-SC). É da indústria de Viamão, inclusive, que saem as cervejas Polar comercializadas em toda a Região Sul do país.
Pesquisa: Airton Engster dos Santos
Referência: Clipagem Aepan-ONG
Matéria divulgada no Jornal Folha de Estrela – Coluna: Histórias da Nossa História.
Imagens: Arquivo Aepan-ONG
A capacidade ociosa elevada gera alto custo operacional e a decisão é encerrar as atividades de Estrela e Montenegro. Coincide com a decisão do CADE – 6 anos depois.
AmBev de Viamão vai abastecer mercado A AmBev fica com 1.618 trabalhadores no Rio Grande do Sul, divididos nas unidades de Porto Alegre (maltaria) e Viamão. Nesta última há a fabricação de praticamente todas as linhas de produtos, com exceção da cerveja long neck (Lages-SC). É da indústria de Viamão, inclusive, que saem as cervejas Polar comercializadas em toda a Região Sul do país.
Pesquisa: Airton Engster dos Santos
Referência: Clipagem Aepan-ONG
Matéria divulgada no Jornal Folha de Estrela – Coluna: Histórias da Nossa História.
Imagens: Arquivo Aepan-ONG
Interessantíssimo Sr. Aírton!
ResponderExcluirEstou fechando um trabalho acadêmico pra PUCRS, sobre Comportamento do Consumidor. Por isto procuro informações específicas sobre a fundação da Cervejaria Polar e logicamente sobre toda sua história.
Porém nosso foco é a influência do Marketing Regionalizado de "Gauchismo", realizado pela Ambev hoje em dia.
Pelo que pude compreender por esta sua narração, é que depois de fechar todas as cervejarias regionais do RS, a Ambev usou a estratégia de manter a marca Polar e abordar um regionalismo bem superficial, mas que atinge o público jovem que acaba influenciado pelo Slogan "Não sai daqui, No export"...
Gostaria de solicitar o seu auxílio para encontrar mais informações sobre a fundação da Polar (Ano, local, origem das pessoas envolvidas, etc).
Desde já muito obrigado
Cordiais saudações
Tiago Jaques
E-mail: tiagojaques@yahoo.com.br
Msn: tiagojahques@hotmail.com
(51) 8166.9398
Apenas para corrigir um pequeno equívoco: A Bavária de Getúlio Vargas (antiga Serramalte e Antartica/Polar) foi fechada em junho de 2002.
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